Solidão

De onde vens, ó solidão,

náufraga de tantos ventos?

És mágica, menina ? Então me ensina

a conviver com meus pensamentos.

Ah, triste noite! - vá embora!

Teu canto é desencanto.

Se foram no por do sol antigas auroras.

Queria tanto te esconder - mas choras.

De onde vens? nos trôpegos passos

das calçadas por onde andei?

Ou dos trapos do meu coração

que um dia amei - e rasguei?

Solidão dos tempos,

de ombros já cansados.

De olhos que além dos montes

parecem nunca enxergar

o divino no horizonte

que só quer te fazer voar.

Solidão das águas interiores,

ora fontes profundas,

ora pequenos riachos.

Ora trazem mares aos olhos

mas nos deixam vazios os braços.

Momentos de meditação,

Ainda é preciso caminhar.

A solidão de nunca olhar pra trás

é a mais pesada de suportar.