NÃO
Ei você!! É, você aí....
Aí sozinho, olhando, sofrendo...
Olhando as gotas da chuva
Que se misturam com gotas
Salgadas (às vezes amargas)
Que deslizam pela sua face
E acabam por molhar
Essa foto rasgada
De dois rostos que sorriam
Num instante tão pequeno
E infinito
Que somente uma máquina
Conseguiu guardar....
É...você que agora
Olha os primeiros raios de Sol,
Vermelhos,
Tal os olhos de quem
Lembrou a noite toda
Que o Sol já foi pequeno em brilho,
Perto do brilho de
Um sorriso...
Longe....
Sufocado pela infinita distância de um
Não.......
Olhe pra frente!!
A chuva acabou, o sol consolidou,
Forte, o seu poder e sucumbiu
À Lua e às estrelas.......
Só você ficou e bebeu cada
Gota
Do ambíguo cálice da Vida
Que transborda sobre você
E reflete, espelho difuso,
O brilho de um sorriso rasgado,
Inexistente,
Que foi esmagado pelo sopro
De um vento seco e surdo das
Lembranças
Que ecoam até os confins
Da sua mente
(Há maior distância?)
Não!!!
21 de agosto de 1990