MEUS PEDAÇOS
Republico essa poesia da primeira página do meu último livro PEDAÇOS, considerando que obteve apenas duas leituras; fiquei triste. Republico.
MEUS PEDAÇOS
Não sou um produto acabado,
Faltam-me pedaços
Inúmeros pedaços.
Passo as horas, meses e anos
A procurá-los nas noites,
Nas madrugadas,
Do amanhecer ao pôr do sol.
Vagueio entre nuvens,
Nas dunas e mares,
Espumas e plumas,
Nas bolhas de sabão.
Reviro minha alma,
Procuro nas entrelinhas
Das poesias que escrevo,
Nas sensações as quais me atrevo.
Busco em minhas mãos,
Meus olhos,
Meus ouvidos,
Minha boca,
Grito ao vento:
-onde estão os meus pedaços?
Mas quero-os bem longe
Distantes um dos outros
Em algum lugar perdido,
Escondido,
Se eu encontrá-los
E me sentir inteira
Minha alma ficará pequena,
A vida perderá sua essência
E viver a poesia
Não valerá a pena.
Nair Damasceno