O RELÓGIO SOBRE O PRATO

Essas horas líquidas

Gravadas na Queda das estrelas

Rolam pelo cataclismo infinito

De um relógio de ouro pousado

Sobre a crueza de um prato

De porcelana branca

E posto numa mesa de refeição.

Os ponteiros avançam

(garfo e faca)

Cortando e servindo.

Entre cada minuto singular

Um fruto diversificado

Entre o doce e o amargo.

O relógio sobre o prato

De horas líquidas bebe almas

E está disposto para a vida.

O som de suas engrenagens

Tem a sinfonia da eternidade

É colmeia zumbindo hipnoticamente

Seu coração de ferro, e mão fortes

A embalsamar e afogar

Os que se sentam à mesa

Diante do prato com o relógio

Tiquetaqueando o milagre do existir.