À meia-luz
Deixo assim os barcos
tombando pelos silêncios
de todas as marés.
E os pássaros da alma
dançando em ventos
dialogando com a fé
e as folhas que de repente
junto às correntezas
da mente
insistiam em ficar em pé...
Deixo assim
desmembrados os sonhos
dos jardins,
das cirandas que na roda da vida
cantaram e riram em mim.
É noite e os trigais insones
mostram, atônitos,
o que não toco
e não vejo.
Apaga-se em céus de barro
o lume dos desvelos.
Fechados os portais tristonhos,
confunde-se o meu coração.
Quebram-se os espelhos.
(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)
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