Oquidão
Nunca serei
mar navegado
sou bravio
de ondas fortes
e quando calmo,
anelo o espelho d'água.
Sou doce como a losna
e amargo feito o mel
manso como um furacão!
Danço na noite
como um louco
e canto na madrugada
do meu ser.
Sou, talvez,
mistério bobo,
viciado em café
noutra vida
peixe domado
minha paixão
não por quê,
ou senão,
algo a ser.
Decifra-me,
se puder,
se não puder,
sinta meu ser
nele inconfesso
está o amor,
um só amor!
Nunca serei
mar navegado
serei mar
abandonado
no cantinho
do deserto!
Sou amor
desamorado
inventado
não sei do quê
sou o nada
quando penso
que o que penso
nada vem ser.