ESTA FEIRA SANTA
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Não se expõem fantas;
E se ocultam secas.
Que parecem frescas.
Bebem e não te espantas.
E é normal, não se espantar.
Com estes ressuscitados pelo alcool.
Talvez três cálices depois, elevando-os aos céus de embriaguês.
Os tornando de santos à zumbis, com olhar chinês.
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Estes não os vejo desfilar na sexta-feira santa.
Estarão fugindo da água benta, a fanta?
Outros vão lá matar a fome com um pedaço de pão e um pouco de sumo.
Durante a tarde e a noite, basta se alimentar de fumo.
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Este dia de vitória.
Não me parece de glória.
Vendem a nossa mente um senhor morto.
Mal esculpido, só ressuscita três dias depois todo torto.
Porque não é gente, é aquela madeira que adoramos.
É aquele quadro que mesmo não sendo Da Vinci o pintor.
Desde que se pareça com o senhor.
É de se curvar.
É de se louvar.
Mas não por mim.
Acho melhor assim.
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Melhor ficar distante deste mercado, povoado.
Que dificilmente será perdoado.
Por fazer da santa sexta-feira.
O dia da anta besta, fera!
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Águia do Verso