Num bar sem esquina,
ao som de um violão arranhado,
a cachaça corria entre dentes nicotinizados,
(Uhhhhhhhhhhhh)
cantadores de suas misérias, escalavrados, alegravam-se,
coisa de fazer arrepiar um arcanjo kharpon.
 
“Dê-me um gole”, implorei,
 de miserável alegria
ou de pinga mesmo,
deixe-me desarranjar as cordas desse violão rústico
e enforcar Augusto dos Anjos Decaídos.
Dê-me uma baforada desse cigarro esquisito,
enquanto Freud foi à latrina vomitar qualquer teoria,
depois de eu ter lhe sussurrado canções edipianas,
 tão  libidinosamente contaminante,
que lhe chamei de pai,
e em contratransferência o falo (dele) enrijeceu-se.
 
Não me lembro de mais, a noite passou,
acordei com o arroto de um sol ressacado,
e um livro de Marques de Sade, sob o travesseiro.
Ana Liss
Enviado por Ana Liss em 22/03/2016
Código do texto: T5581186
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