NA MADRUGADA

no silêncio da madrugada
ouço o som das lembranças
me (re) vejo ainda criança
passos curtos, imaginação solta

ao descer pé ante pé
os degraus da escada
escuto o ruído do vento 
castigando as vigas de aço
lembram açoites doloridos
que resultam em gemidos

atravesso extenso corredor
caminho até a antiga poltrona
sentou-me e sorvo gole a gole
a água, e a saudade que chega,
de soslaio os rostos das fotos
me espiam
os vidros das janelas estalam
causando-me arrepios

é noite de lua cheia
hora adiantada da madrugada
fantasmas desalmados escapam 
e juntam-se aos meus,
momento de desagasalhar os sonhos
e viver horríveis pesadelos
e tirintar de receio



(Imagem: Lenapena)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 03/03/2016
Reeditado em 04/03/2016
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