SUBSTÂNCIA da MORTE
Chega a esquecida
de ar taciturno, madrugadora.
Por rota abandonada;
em um barco sem bússula, nem hora.
Ela a presunçosa,
pelo jasmim cheiroso e pela rosa.
Alma de marinheira.
Voô de gaivota sôbre o mar.
Ela e a primavera,
com sua paisagem triste, com seu marasmo.
Viaja com o sentido,
chega com o rebanho e seu balido
Chega com sua sina,
náufraga de um oceano de tormentos.
Barco sem rumo, sem destino,
rasga as vestes, fica desnuda.
Corre atrás da fortuna;
Com seus dentes de lôba, a luz da lua.
De perceptível passo
de algodão ou de neve.
A irmã dêste ocaso
a destemida angustia de meu desvêlo.
Pela trilha ignorada,
com sua auréola de ouro, a desapiedade.
Neve sôbre a colina.
Noite sôbre a mão cativadora.
Ela sôbre a relva,
a sempre erguida, a abrasadora.
Sombra da loucura,
corvo negro sedento de amargura.
Ela sôbre minha angustia.
Ela com a bandeira do meu destino.
Tênue violeta , murcha,
cálice que retiro de meu caminho.
Chega-se com a ausência,
e verte o veneno de sua inclemência.
Oh ! Sua crueldade é volátil,
nunca soube de pranto, nem despedida.
Nem lágrima derramada,
deteve a cortante profunda ferida.
Lembranças e saudades
impregnados no íntimo das idades.
Corta a veia heróica,
e no fragor das batalhas
quebra serena a calma.
Ela, libertadora das muralhas,
gira sôbre os mares
entre naufrágios, entre mortais.
07/07/07