Perdido
“Ai!, duas almas falam no meu peito!”
Muitas mais aguardam no meu leito.
Uma toca violino,
Outra a trombeta,
Outra o violão;
Uma tocará o sino,
Outra a corneta, outra quer canção.
Uma quer a alegria,
Outra quer rancor,
Outra a beleza;
Uma quer a raiva fria,
Outra quer calor,
Outra a delicadeza.
Ai, só uma posso escolher,
Que nenhuma sou e todas devo ser:
Eu, a da orquestra e do diretor,
Estou além da fuga e da dor,
Estou além da festa e o rubor.
Eu que como anjo desci,
Que como criança nasci,
Que como rosa cresci;
Numa vela me tornei,
Um cristal um dia serei,
- e, se Deus quiser –
Como anjo morrerei.
Nico Brodnitz