Perdido

“Ai!, duas almas falam no meu peito!”

Muitas mais aguardam no meu leito.

Uma toca violino,

Outra a trombeta,

Outra o violão;

Uma tocará o sino,

Outra a corneta, outra quer canção.

Uma quer a alegria,

Outra quer rancor,

Outra a beleza;

Uma quer a raiva fria,

Outra quer calor,

Outra a delicadeza.

Ai, só uma posso escolher,

Que nenhuma sou e todas devo ser:

Eu, a da orquestra e do diretor,

Estou além da fuga e da dor,

Estou além da festa e o rubor.

Eu que como anjo desci,

Que como criança nasci,

Que como rosa cresci;

Numa vela me tornei,

Um cristal um dia serei,

- e, se Deus quiser –

Como anjo morrerei.

Nico Brodnitz

Nico Brodnitz
Enviado por Nico Brodnitz em 26/02/2016
Código do texto: T5556242
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