Poema mascarado

Por Deus, não desejo que qualquer silêncio se aposse de minha alma,

antes, quero ler Cortázar e me lembrar de Kafka,

dar belas risadas e me esquecer que sou poeta,

e, portanto, um homem triste,

mesmo que entre tantos alegres, em festa de sagração.

Ignorar-me? Sou assim, face de mim, meu retrato

onde as multimáscaras se escondem

com medo, do medo do susto, do medo do mundo, do medo de tudo.

Um poeta vai falar! Viva o espetáculo. O rei abriu as portas

do reinado sem fim e pediu que o príncipe reinasse.

Que bom! Aproveito e faço outro poema e me mostro diferente.

Vou cantar a velha canção de Iracema, beijá-la até cansar.

Há versos alegres escondidos. O amor jamais se acaba,

porque de graça ainda amo a arte e amo a vida.

Pobre de mim..., o sonho acabou...

viro a página e vejo que dormi enquanto escrevia este poema...

e cadê Cortázar, Kafka, Iracema?

A quem possa ver,

leiam, estão todos distraídos neste mesmo poema.