Migração

Andei fazendo planos meus

Sem levar você em consideração

Meu coração magoou-se

Mas ele perdeu o crédito para opinar

Duas desilusões e três novelas mexicanas atrás

Só estou aqui existindo

(O que não é nada fácil, convenhamos!)

E você deve estar existindo também em algum lugar

Talvez mais perto do sol e do mar

Ignorei seu pedido de ajuda

Mas não entenda como falta de consideração

Pode chamar de autopreservação

Pode chamar de falha na sincronia

Chame de bug do Universo, se preferir

Mas a mim foi prometido um ano doce

E é nesse roteiro de doçura que pretendo existir

Só guardo rancor de você quando a Lua está cheia

De resto, carrego-o junto ao peito feito amuleto da sorte

Talvez sua presença etérea ainda possa trazer alegrias

Talvez apenas invoque as lembranças pra não repetir as mesmas tristezas

As cartas não têm dito coisas legais a seu respeito

Mas são apenas cartas, o que elas sabem realmente?

Ainda estou fazendo ajustes,

Que é o que seres mutáveis fazem.

Varrendo a tristeza para baixo do tapete

(Para muito mais longe, tenho preguiça de jogar!)

Inventando novos jeitos de sorrir

(Os meus eram mesmo ultrapassados!)

Se falei que deixaria minha vida aberta

Quis dizer que nunca mais manteria meus pés fixos no chão

Se falei que tentaria um caminho diferente

Quis dizer que limite nenhum voltaria a me barrar

As aves voam para o sul

E estou indo com elas para longe do frio

Você pode até ser o motivo da mudança de rota

Mas o destino, quem escolhe sou eu.

Do inverno em meu peito, preciso migrar

E, (desculpe a sinceridade! Mas...)

Em minha mala, você não cabe.