Pernas e portas
 

As muretas e calçadas
E outras semelhantes
Olham pernas tatuadas,
Diversas, passadas no trânsito dos passantes
 
Que levam em sacolas, pochetes,
Chicletes, mochilas cheias de planos
Carregam suas vidas
Como a terra ao oceano
 
Essas cálidas e velhas construções
Postam-se a postos sem mais aspirações
Além do prazer de estar ali pra servir
E de ver pernas pra se distrair
 
Mas não se importa, conhece a proposta
Apenas sonha em  ter
A deferência concedida as portas
E um dia também poder acolher
 
Sempre esperando imóveis
Que alguém despojado se aproxime
Que leve uma prosa e perceba
Que compensa um crime