Classificados do coração
 
Sabemos a quem amamos
Mas não lembramos de sentir ao mesmo tempo
Todos os amores em um mesmo momento
Sem querer organizamos, meio que, automaticamente
Classificando-os em quadros como nos jornais
Tudo tão bem diagramado
Muitos com destaques a mais
 
Meio quilo de ternura
Grande envolvimento que as emergências fazem surgir
Rolos radiantes de aventura
Pelas festas a nos reunir
Pelos filhos, pelos netos, por amigos mais diletos
Primos, avós e tios, nem sempre vivendo por perto
Por pessoas espalhadas na vastidão
Sem nenhuma clara explicação
 
Os amores são autênticos
Presumidamente ou não
De categoria e intensidades sem definição
E só ficam apertados nas disputas por ciúmes,
Influência no território e a insegurança
No devido tempo acatado
Pelas partes de tão amorosa herança
Mas os amores impensados chegam e se imprensam
Como um ato consumado com sua doce eloquência.
E o refém vem sitiado a dedica-lhe prostrado
Sua inusitada reverência.