O passarinheiro
Alta noite deitei-me em meu leito cansado
Dali vi um filhote extirpado do ninho
Pungido, sôfrego, era um passarinho
Que o passarinheiro prendeu em seu laço.
Feria-me o caçador com um aguilhão,
Por sinuosos caminhos esse ser me guiava,
De sua boca, nada ouvi, nada falava,
E percorríamos céleres na escuridão.
O pássaro e eu gemíamos sofrendo,
Mas nenhuma alma, ninguém ali nos ouvia,
No horizonte: o clarão, já se fazia dia,
Rumo ignoto tomou o caçador horrendo.
Livrou-se o pássaro daquela agonia
Eu, ainda trêmulo, despertava-me da fantasia.