O passarinheiro

Alta noite deitei-me em meu leito cansado

Dali vi um filhote extirpado do ninho

Pungido, sôfrego, era um passarinho

Que o passarinheiro prendeu em seu laço.

Feria-me o caçador com um aguilhão,

Por sinuosos caminhos esse ser me guiava,

De sua boca, nada ouvi, nada falava,

E percorríamos céleres na escuridão.

O pássaro e eu gemíamos sofrendo,

Mas nenhuma alma, ninguém ali nos ouvia,

No horizonte: o clarão, já se fazia dia,

Rumo ignoto tomou o caçador horrendo.

Livrou-se o pássaro daquela agonia

Eu, ainda trêmulo, despertava-me da fantasia.

Daniel Pereira S
Enviado por Daniel Pereira S em 18/01/2016
Código do texto: T5515109
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