Janelas...
Na leveza da tarde
Lenta agonia...
Oscila a noite enrubescida
E desponta sem alarde...
Entre suspiros azuis
Desfalece o dia
E a brisa arrepia
As franjas da cortina
No gemido de uma prece
Ave Maria...
Tudo é surreal
Hora de luz e sombra
E as janelas...
Ah! as janelas!
Trazem das estrelas poesia
que sem elas não viria...
Imaculado cristal
Traz a estrela vesperal...
fosforescem as janelas
E vidas são devassadas...
De repente surge no umbral
Do flash que a noite revela:
Aqui uma tela
Ali um abajour...
Um vulto que passa
Emoldura a janela
Atrás da vidraça
Amostras de vida...