A NEGRA COR DE NOSSOS DIA

… eis-me aqui,
no fim da jornada:
antes um homem honrado,
agora cão, um puto, um demônio
em suas próprias sombras
e misérias reveladas;

eis-te aí,
antes uma bela purista abrilhantada,
agora um lugar-comum, um andar
em fantasias, como princesa

desorientada;

mas confesso
que tenho ainda pelo menos
uma dúvida,querida: por que raios ou diabos
não podíamos

[em nome daquele
estranho amor que por tantas
e tantas e tantas vezes
nos regozijávamos

quando passeávamos
pelas ruas, pelas avenidas,
e pelas sombras daqueles postes
mal iluminados;

quando passeávamos
pelos céus, e pelos mares, pelos quintais
e pelas camas daqueles vívidos
pássaos pintados;

quando nos afogávamos
em ilusões, em fantasias, em esperanças vazias,
em febres concupiscentes
e em porras
ciliares]

pelo menos
fingir que não era tão sujo
assim o rio que juntos
atravessávamos?

 
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 29/11/2015
Reeditado em 29/11/2015
Código do texto: T5464627
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