UTOPIAS

Sob as curvas barrentas da China,

dorme o Paraíso;

sonha devagar,

no ventre de couro do katrina;

embrulhado pelo manto tilintante de granizo.

Ele vê oscilar a Sublime Luz,

ela se esconde nos átomos do Vão,

perdida no caos,

chora ante as cinzas do Vulcão.

Ele vê Deus!

Tomou juízo e dorme finalmente,

pôs em coma suas utopias.

Ele ressona baixinho,

aquece com o hálito

suas mãos já necrófilas e tão frias.

Ele vê a Estrela!

Sonâmbula,

foge pela Via,

traiçoeira,

esconde-se no dia ,

levando nas costas,

os árduos afazeres da mordomia.

Mas de repente,

ele vê Sophia,

no silencio,

ela assobia,

deleitando-se com a ópera estelar da Boemia.

Os trovões berram,

o Paraíso acorda,

Mãe Madrugada diz :

''Desperta criança!''

''Já se foram os dias!''

Carrancudo, ele chia,

e volta a sonhar com os tempos

em que nada existia.

Era apenas ele e Sophia,

namorando,

nos Lupanares denotativos da Poesia

Rebeca Maron
Enviado por Rebeca Maron em 21/11/2015
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