Xeque-Mate
Tua ausência me fez ousada o bastante para desafiar o Universo
Ele joga xadrez tão bem
E agora, toda vez que perco, me envia prêmios de consolação
Esperando que um dia algum deles me contente e eu te esqueça
Como se cumprisse alguma profecia estúpida
Que não faço a menor questão de protagonizar
Não sei o que é a felicidade
Na verdade, ela poderia desfilar na minha frente
Vestindo púrpura e exibindo placas de neon
E eu simplesmente seguiria em frente até uma esquina qualquer
Tu eras o único que me arrancava um sorriso fácil
Aquele que me disse que eu podia ter tudo o que quisesse
E fugiu quando escolhi querê-lo
Mas as peças continuam no tabuleiro
E o jogo está longe de acabar
Tu te exibiste por tanto tempo como Rei
Que esqueceste que a Rainha era a única peça que importava
Posso brincar com todos os prêmios de consolação
Derrubar peões, cavalos, bispos e torres
Mas guardarei o melhor para o final
Quando enfim deixarei o tabuleiro sem remorso
Só para assistir o Rei desprotegido sofrer um xeque-mate
Eu teria te protegido até o fim do mundo
Mas foste tu que escolheste colocar-te em zugzwang
Porque se a Rainha perder o jogo
Ainda terá seus prêmios de consolação
Mas se o rei cair, é o fim
E não vejo um cenário no qual te possas reerguer
Sempre foste um jogador tão bom
Que tua confiança cegou-te para o óbvio
Deixaste tua Rainha Branca cercada de peões negros
E, agora, não te posso mais salvar
Meu amado Rei Branco, o xeque-mate está próximo
E, ignorando as jogadas debochadas do Universo, estou deixando o tabuleiro
Pois não quero ver de perto a execução da queda
Que para ti mesmo provocaste
Adeus, meu Rei
Xeque-Mate!