OS FILHOS DO ÓDIO
“Em busca das almas perdidas”
Quem lançou um tal caos sobre a Cidade-Luz
Na escura sexta-feira de um verão de Outono?
Só pode ser quem sobrevive ao abandono
E, como ovelha negra, a si mesmo se reduz…
São instrumentos vis de algum tirano-dono
Que esconde a face por detrás do seu capuz
Que a força demoníaca apenas se traduz
Numa torrente de Ódio que subiu ao trono.
É isso mesmo, é Ódio com destemperança,
Não tendo pejo de tantas vidas lá ceifadas,
E quais almas perdidas, quiçá enganadas,
Trazem dentro de si o gérmen da vingança.
Que mundo é este qu´ o homo sapiens construiu?
Que Humanidade é esta onde nunca se renovam
Aqueles valores que dia a dia só comprovam
A aura de um saber que a selva já invadiu?
Que fazeis, ó Maiorais, com o vosso comodismo
E vestidos com brancas máscaras refulgentes?
Dai agora as mãos e ouvi os gritos inocentes
E que as palavras ditas não sejam só lirismo…
Olhai os filhos do Ódio que hoje vos reclamam
As condições da lei, do pão e da concórdia,
Aqueles direitos qu´ os protejam da discórdia
E lhes garantam a justa vida com que sonham.
Achais demais? Descei do vosso pedestal,
Verificai, in loco, as contrariedades,
As fracas conjunturas e as realidades,
Que marcam a distância entre o bem e o mal.
Depois de tudo verificado, dai o passo
Que de uma vez por todas concretize
Um admirável mundo novo que suavize
A harmonia de todo o ser num só abraço.
Quem tem de dizer NÃO a tudo o qu´ é terror,
Quem tem de gritar NÃO a tudo o qu´ é miséria,
Quem tem de provar SIM qu´ o mundo é coisa séria
Só vós, ó Maiorais, pois tendes o mor valor…
E tendes, igualmente, a maior prerrogativa
Que vos advém, por mais sólida educação,
Cabendo-vos a tarefa, por razão maior,
De nunca permitir que o mundo ande à deriva.
E vós, ó filhos de Paris, dignos herdeiros
Dos sublimes ideais que deram a liberdade
Aos perenes horizontes da Modernidade
E à excelsa Luz da qual fostes os primeiros,
Jamais vos quebranteis por este contratempo
Está nas vossas mãos mais esta lição de vida
Que será, podeis crer, sementeira acrescida
Para singrar na História co´ honra e talento!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA