ENJAULADO PELOS MEUS PRÓPRIOS OSSOS (de "O Portal da Alma")
Agarrado demais à vida,
não consigo deixar voar,
como deve,
a alma.
Percebo que, tal qual todos,
sou prisioneiro
das minhas próprias veias
e ossos.
Somos estranhos
dentro de nós mesmos,
tentando conciliar
a pressa interior
com a inércia necessária
para a maior duração
das células.
A vida dói,
porque não passa
de atrito.
O segredo do curandeiro
é atribuir menor velocidade
ao tempo.
E, assim, tornar
o tumor
valor.