ANOITECER ETERNO
Desce um manto sobre a tarde que morre
Um manto escuro
Triste cena
Arrasto os olhos para o cais
Para o nunca mais
Arrasto mais
Mergulho em profundas cavidades
Vêm as algas marinhas
Puramente suavidades
Ouço lamentos
São as dores das cidades
...
Mortas
Estão mortas
Submergiram no grande mar
Molho o olhar,
ensopo a blusa rendada
E saio caminhando
As luzes da grande avenida vão aos poucos se acendendo
Levanto o olhar
Sei que alguém está a me observar
Mas também pertence ao anoitecer eterno
Não haverá gestos
Nem palavras
Somente o abismo