ANOITECER ETERNO

Desce um manto sobre a tarde que morre

Um manto escuro

Triste cena

Arrasto os olhos para o cais

Para o nunca mais

Arrasto mais

Mergulho em profundas cavidades

Vêm as algas marinhas

Puramente suavidades

Ouço lamentos

São as dores das cidades

...

Mortas

Estão mortas

Submergiram no grande mar

Molho o olhar,

ensopo a blusa rendada

E saio caminhando

As luzes da grande avenida vão aos poucos se acendendo

Levanto o olhar

Sei que alguém está a me observar

Mas também pertence ao anoitecer eterno

Não haverá gestos

Nem palavras

Somente o abismo

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 27/10/2015
Código do texto: T5428860
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