Eu, comigo mesmo e mais alguém

Cigana alguma

jamais leu as minhas mãos.

Nunca apelei para o tarô

ou para as cartas.

Sou o que sou, quando posso.

Quando posso faço o que faço,

sem nunca me esquecer

que ninguém nunca é

ou será capaz de ser feliz sozinho.

O filhote do passarinho

não constrói o seu próprio ninho.

Ele já o encontra pronto

quando nasce,

dependendo dos cuidados dos pais

e ponto.

O meu pranto

assim como o meu sorriso,

quando preciso divido

e duvido que isso possa fazer algum mal.

Estamos no topo da cadeia animal,

mas se insistirmos em praticar o mal,

nunca seremos superiores a eles,

pois quando o leão caça o veado,

é por fome

e não por influência do homem,

no seu poço de preconceitos.

Esse não é um poema

sobre preferências sexuais

e sim sobre aceitarmos as opções de cada um,

dadas as suas buscas pela felicidade.

Ser livre exige responsabilidades.

Faço o que faço quando posso

e passo a passo,

por onde e quando passo,

mas nunca sozinho,

pois mesmo quem não tem ninguém,

tem a sua própria sombra

e a nossa sombra,

acreditem, nos faz bem.

É como, digamos,

a nossa consciência

e isso, infelizmente,

poucos têm.

Mas amém.