Anunciação ou quem sabe, uma alucinação
Pode chamar o seu poeta como você quiser.
De Mané, de Pelé, de craque, de craqueiro,
em julho ou fevereiro.
Ofereça a ele até uma canção
do Odair José.
Poeta não tem sexo, mas faz sexo.
Não tem nexo, mas adora uma conexão.
Pode chamá-lo até de seu amor,
mas, por favor, sem cobranças
e sem possíveis futuras alianças
ou bola de ferro nos pés.
Seu poeta adora brincar de inconsequente,
sem ter que ferir gente,
uma vez que o inconsistente
pode ter consistência, sim,
mas isso não depende só do eu (mim)
e sim do eu poeta, do poeta que há em mim.
Pode me chamar em seus sonhos,
pois pra mim é real
e você surgiu num canal
de um aparelho que eu sequer liguei,
mas você veio como um veio
de pedras preciosas de alguma mina.
Como uma menina
que me deixa completamente encabulado.
Não estou distante, estou aqui do lado
e o restante eu lhe digo pessoalmente.
A semente do desejo
começa a partir de um simples sorriso.
Nenhum poeta carece de muito,
mas quer saber,
esse poeta percebeu que precisa muito de você.
Venha, mas engavete o cérebro,
porque esse sempre exige muitas explicações,
mas traga o coração,
para o qual a única explicação plausível,
possível, é o amor,
mas quando a gente se cobra,
a cobra vira serpente
e toda serpente mente
e até já sacaneou Adão.
Uma pedra quebrou minha vidraça
e a fumaça na mata
indica que há fogo.
Essa noite você vai ter que ser minha,
doce ilusão.