Alice
Alice está sentada ouvindo uma história sob o sol de verão
Alice está entediada
Alice segue o Coelho Branco em busca de uma aventura
Alice cai em um buraco e fica tonta
Alice acorda em um mundo estranho com cores estranhas e gentes estranhas
Alice encontra enigmas presa em um enigma, e Alice é um enigma
E Alice encontra cogumelos que dizem "me coma" e elixires que dizem "beba-me"
E experimenta todos, pois é assim que se adquire experiência
Alice fica grande, Alice fica pequena, quem é Alice agora?
Alice vaga pelo País das Maravilhas, sua aventura tornou-se um temor incerto
Alice se embriaga na fumaça ébria de uma Lagarta
E cai na conversa fiada dum Gato sorridente
(Quase como na vida real, será?)
Alice está perdida, e chora, e é tão pequena que afunda nas próprias lágrimas
Alice encontra uma mesa posta para o chá
E Alice toma chá com loucos ainda mais loucos que Alice
Subitamente, não importa mais quem é Alice
Ela chega ao jardim e as rosas vermelhas não são vermelhas, são brancas
(Oh, deuses, quem nunca caiu numa frágil ilusão?)
E as cartas estão desesperadas porque a Rainha vai cortar suas cabeças
(As cartas querem manter a cabeça no lugar, e Ela só quer saber onde a sua foi parar)
A Rainha quer jogar criquet
Ela joga criquet com a Rainha e esquece as rosas, esquece sua cabeça
E não sabe se é Alice, a Alice, uma Alice, qualquer Alice
(O que há, o que há de mais em ser Alice? - Ou Maria, ou Joana, ou qualquer outra?)
Mas os ecos lhe dizem que deveria voltar
O Coelho Branco aparece de novo
Ela segue o Coelho, está atrasada, atrasada, sempre atrasada
(Não há tempo, nunca há tempo para nada)
E, de repente, não há mais País das Maravilhas, não há mais buraco, só o sol de verão escaldante sobre sua cabeça, e memórias confusas dentro dela
(Quem sou? Onde estou? Por que sou?)
Será que é real, Alice?
Será que é real Alice?
(testando um estilo um pouco - ok, muito - mais psicodélico)