Sobre a decadência do Amor
Amor,eu te vi !
Eras tu ainda uma criança,
teu suor ilibado escorria distraído,
por dentre tuas flechas antes mansas.
Dono tu eras do Oceano de Néctar,
hoje , deprimido,
nadas de atrevido,
em mares enferrujados,
rasteja pelo ventre do deserto,
sem tuas asas de leite condensado.
Eu te vi,Amor!
De corpo ainda purista,
esculpido foi pelo melhor dos artistas,
não havia esses pés calejados,
amantes de calista.
Tua vida, era por demais, morna,
por todo Olimpo eras cobiçado.
Agora,vilão temido pelas dimensões,
em pecado mergulhado.
Eu vi o Amor!
Oh Deus , eu vi o Amor sorrindo,
em uma tímida noite,
sob um sombrio luar,
o vi pela última vez.
Jogado na rua,
ele cantarolava dormindo.
Não era um plácido canto,
havia fúria.
Não mais usava veludo,
cobria-se com espinhos cor de luxúria.
Oh Amor!
Como tu eras lindo.
Como ficastes assim?
Dolorido,rabugento,adepto a escuridão.
Por que matastes tua vida?
Para quem vendeu teu coração?
Esse tal de amor que tu contemplas,
não é aquele que um dia eu vi.
Esse amor que tu sentes,
não é o mesmo que por ti senti.