O CANTO DA BARBÁRIE
Ondas de um mar de gente em triste desatino,
Tocadas rudemente por ventos e marés
De convulsões de raiva e ecos de surdez
Qual besta daquele ódio negro sem destino.
Afirmam que é a guerra, a fome, e a miséria
Como razões que se argumentam suficientes
E aquela gente que é refugo doutras gentes,
É carne pra canhão e carne pra a pilhéria.
Não são refugiados, migram em desgasto
E são escória humana, almas sem esperança,
Servindo de moeda e lucros de vingança
Das sanguessugas loucas pelo seu arrasto.
Fala-se da cimeira dos vipes maiorais
Buscando um lenitivo gasto em arrogância
Fingem humanidade e agem por ganância
Qual síndrome de torpes medos colossais.
O deus Dinheiro tem seu reino nos tablóides
Dos vendilhões com falsas bolsas mascaradas
Resultando por isso serem perdoadas
As cruéis hordas invasoras barbaróides.
Já o inaciano Vieira ao mundo denunciou
A chegada às Américas das bojudas naus
Queimando pela raiz os traficantes maus
Numa moral de leis que tudo iluminou.
Vinde, ó filhos do vento, vinde já, ó Hunos
E destroçai os polvos vis inoportunos!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA