PASSEATA
Índios e sem terras caminham no milharal
Cá estou eu dormindo em casa
Enquanto os índios e os sem terras queimam minhas roupas no varal
Um jovem levou um tiro numa greve geral
Por querer bancar o tal
O menino órfão se machucou
Enquanto seus pais jazem numa tumba perto de seus ferimentos
Seu sangue se juntou aos restos mortais
De seus admiráveis pais
O menino chorou
E foi até o rio para se afogar
Só para ficar encontrar seus pais...
As carroças com condutores de capuzes
Vagam pela chuva de outono
Numa tarde boa para tirar um sono
Vagam a procura de almoço
O bispo dormiu com cinco empregadas
Enquanto na rua caia uma tempestade
Eles fizeram votos de amor
Não sentem, há pecado carnal por aqui?
Eu sei que sou um pecador
Podia eu ser um marceneiro judeu de trinta anos
Que do nada virou um filosofo um professor
Mas cá estou eu sentado
Abismado...