Para onde?
Não são seis horas.
Mas meu coração é um sino badalando.
Chamando quem? O quê?
Nuvens assombradas assomam à porta.
Essa porta da poesia submersa
nas águas de agosto,
esse poesia sem nome, sem rosto,
- a que não interessa.
Vamos cavalgar, cavalo meu,
vamos nos perder entre os pinheirais,
sem nunca dizer adeus
ao sonho que nos esqueceu.
Vamos cavalgar, alí, entre os rios,
entre as pedras e os vazios
e acender uma grande fogueira
no topo da montanha da alma
no instante em que as lágrimas
pararão pra conversar.
Deixaremos que falem à vontade
de mim, de ti, das inúteis verdades
que nunca quisemos chorar.
Depois retornaremos,
passando pelo sol poente.
Cansados mas em frente!
Mas para onde regressar?