Metamórfica solidão
Num canto a espreita escura sombra
Lágrimas a caminho escorregam pelos poros
Pensamentos melancólicos vem à tona
E perdida figura se espalha pelos cômodos
Ouve uma música bem distante do lugar
Erguer o corpo e freneticamente dança
Sem parar de dançar procura o som
Envolve-se nele como partícula viva
Agora canta e dança ao sabor do vento
Seu corpo já nem lhe pertence mais
Agora seu corpo já faz parte do tempo
Seu físico miúdo funde-se com o ar
Num gesto obsceno e louco rasga as vestes
Rotas vestes que de tanto esperar
Já nem cabem mais no quadro exposto
Tudo agora é uma única estrofe
Finalmente foi tragada como queria
Feliz descansa hoje sem mais pudores
A figura estranha e só virou poesia.