GENTLEMAN (sarcástico)

GENTLEMAN (sarcástico)

Tosse, tosse, tosse. Espira (atchim), peida e cospe.
Funga, cospe, beija. Deixa torpe um pretérito momento.
Tosse, funga, assoa. Vê a TV, um filme veio e caçoa (do quê ?).

Tosse, tosse, tosse. Levanta mija e pinga.
Pinga, pinga, pinga. Não limpa, cospe, molha, e suja. Assoa. 
Na cozinha outra dose de pinga. Derruba tudo no chão. A tôa. 

Não bêbado. Babado, lambido, suado.
Fedido, molhado. Sem banho, arrepiado.
Escárnio, triste encarnação. Nada de consideração. 

Volta e tosse. Peida e ruge, branda e ronca no sofá.
Baba, peida e espirra (atchim mais uma vez).
Suor, gordura sem 'limpá'.
E a 'muié' é que tem que vê.

Ele só quer vê a TV. Coçar o saco sem perceber. 
E assim continua. Procura filmes de mulher nua. 

E tosse, tosse, tosse. Tosse sem parar.
Levanta de novo e vai cagar. Mas dessa vez limpa...
... o chão do aposento. 

E como mártir aposentado (sem lamento), come, come, come.
Engasga, cospe e tosse de novo.

E vendo a TV, relembra com saudades do seu tempo de moço novo.
Tudo era perfume e romantismo. Vinho e glamour.
Lirismo, mon-amour

Era um gentleman. Culto e sarado. Educado. 
Ao tempo que lhe consome, era um exemplo de homem.