NESSE AUTOABANDONO...

...Pensar palavras me dói.

Igrejas me deram correntes.

Liberdade me deu coleira.

Sou extradito nesse dito mundo

E transfiro a ele o ônus do Eis-me,

Convertido em geada de dezembro.

Sintoma de parto a fórceps,

Renasço dor a cada dia, pela manhã,

E meus olhos, totais sabedores de tal,

Já não se chovem fora das pupilas.

A cavidade de meus silêncios

Está repleta de vazios em que a eternidade

É feita de frações de infinitos.

Faço círculos ao redor de mim,

Tornando o semnticamente pleno

Em périplos fundamentais e densos.

Me torno em algodão, em corda, em tecido,

Cosendo-me ao sudário cansado

De se ver alvejado em pedras lisas

Que bordam a sinuosidade dos riachos.

Deixei, no entanto, de inquirir por quê

A água algazarra-se de encontro a mim

E se submete aos desníveis da gravidade.

Para mim, tanto faz!

Paulo Pazz​

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 10/08/2015
Código do texto: T5341796
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