NESSE AUTOABANDONO...
...Pensar palavras me dói.
Igrejas me deram correntes.
Liberdade me deu coleira.
Sou extradito nesse dito mundo
E transfiro a ele o ônus do Eis-me,
Convertido em geada de dezembro.
Sintoma de parto a fórceps,
Renasço dor a cada dia, pela manhã,
E meus olhos, totais sabedores de tal,
Já não se chovem fora das pupilas.
A cavidade de meus silêncios
Está repleta de vazios em que a eternidade
É feita de frações de infinitos.
Faço círculos ao redor de mim,
Tornando o semnticamente pleno
Em périplos fundamentais e densos.
Me torno em algodão, em corda, em tecido,
Cosendo-me ao sudário cansado
De se ver alvejado em pedras lisas
Que bordam a sinuosidade dos riachos.
Deixei, no entanto, de inquirir por quê
A água algazarra-se de encontro a mim
E se submete aos desníveis da gravidade.
Para mim, tanto faz!
Paulo Pazz​