LÁGRIMAS DE BORBOLETA
partiu o céu sem olhar pra trás
levando inteiro azul
ensombrecido nas pestanas
partiu de peito estufado
ombros elevados
empertigados
quase pisando na flor
que lho ofertei
pedindo que vez ou outra
a regasse, plácido,
sem ácido
nenhuma nuvem
ou vento
conseguiu
um desague pro chão
amontoando pedras
pra não sentir
a murchação das pétalas.
quando um choro
esvoaçante
se derramou na flor
naquele instante
ela se abriu
mais viçosa do que foi
sem perceber
a desidratação
da borboleta