Magia Encarnada
Anoiteceu mágico no picadeiro,
Tirou da cartola a vida submissa
Para escalar o pau de sebo
Sob o clamor do desejo.
De quatro, no centro do picadeiro
As mãos besuntadas de sebo
Lubrificam, desde a base, o mastro do sacrifício.
Já lá no alto, depois de festival de contorções,
Desce empalado, a pedidos, em rodopios de dor e prazer,
rasgando a alma em pequenas mortes
de onde partem esguichos de sangue
tingindo os corpos impassíveis
daqueles a quem sonhou se entregar e mergulhar
Na trama de mundos paralelos, sombrios.
Desceu aos infernos, cruzou portas abertas,
Oportunamente cerradas às suas costas.
Anoiteceu mágico, amanheceu palhaço num picadeiro vazio.
Assim mesmo, organiza os velhos truques
Para o riso de quem só se entregou em sonho
E daqueles, principalmente, que ficaram por vir.