Magia Encarnada

Anoiteceu mágico no picadeiro,

Tirou da cartola a vida submissa

Para escalar o pau de sebo

Sob o clamor do desejo.

De quatro, no centro do picadeiro

As mãos besuntadas de sebo

Lubrificam, desde a base, o mastro do sacrifício.

Já lá no alto, depois de festival de contorções,

Desce empalado, a pedidos, em rodopios de dor e prazer,

rasgando a alma em pequenas mortes

de onde partem esguichos de sangue

tingindo os corpos impassíveis

daqueles a quem sonhou se entregar e mergulhar

Na trama de mundos paralelos, sombrios.

Desceu aos infernos, cruzou portas abertas,

Oportunamente cerradas às suas costas.

Anoiteceu mágico, amanheceu palhaço num picadeiro vazio.

Assim mesmo, organiza os velhos truques

Para o riso de quem só se entregou em sonho

E daqueles, principalmente, que ficaram por vir.

JMaffa
Enviado por JMaffa em 18/06/2015
Código do texto: T5280871
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