Tua escultura?

Estava lá.

Um pedaço de argila.

Preta, úmida e sem forma.

Em cima de um altar.

Escuro, frio e sujo.

Você aprendiz de escultor.

Limpou o altar, acendeu uma vela e o esquentou.

Pegou a argila e começou a amassar.

Arremessou-a no chão, cuspiu nela e a pisou.

Voltou a amassar, emassar.

E com suas mãos foi dando uma forma.

Apertou aqui,

puxou ali,

foi transformando-a brutalmente com teu amor incubado.

E você mesmo a fez e nem se deu conta da obra prima que estava ali em suas mãos.

Quando a terminou, contemplou-a e viu como bela era tua escultura, em vez de guardá-la para si, resolveu a expor.

Como troféu na estante ou monumento no centro da cidade.(Isso é sério? Tu irás entregar "de mãos beijadas" aquilo que tanto lutou para transformar e finalmente conseguiu?)

E de vez em quando, vai lá para conferir se ainda está lá ou se alguém a carregou de ti...

Cuidado ó pálido escultor!

Há um especialista em arte na tua cidade! Risos.

Judy Cavalcante
Enviado por Judy Cavalcante em 20/05/2015
Reeditado em 20/05/2015
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