Lamento

Inspiração não me deu seus seios...

Raquíticos versos rastejam sem viço...

Ofego entre as letras, gemo à ilusão

de compor essa ode... Tão desencantada...

Meu olhar rasteja, implorando o milagre...

Mas punhal que corta a minha jugular

é a lucidez desse dia avaro...

Onde o seu sorriso, cascata cantante

que me saciava, fartava em delícias,

onde a tua mão, que me desenhava,

abrandava anseios, repleta em carícias?

Vou ao céu e volto, desmaio em abismo...

Rito desse cismo que aponta a loucura

rouba luz à face, destila seu fel

mais terror despeja, à minha desdita.

Fome e sede tenho, preciso de ti...

Minha fonte és, de inefável gozo...

E se não estás, clamo pela morte...

Verso que me sobre, se torna em veneno...

Quero seja ameno, meu triste final...

Calo a minha boca, paraliso o tempo,

que se desvelado, espelha o infernal

estado precário, onde me definho

sem achar a cura para o grande mal

que é te amar sem crer, ter-te em doce aninho...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 14/05/2015
Reeditado em 12/07/2015
Código do texto: T5241503
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