Dá-me um tempo
Dá-me um tempo,
para um pequeno gesto,
um menor desejo.
Em pé, aqui, vejo triste o céu,
no silêncio das bordas adormecidas
sem flores, queimadas pelo sono
de todas as coisas.
Sou a hera alagada pelas águas do mar,
o musgo que dança ao por do sol,
ansiando pelas estrelas.
E todo sonho
é um peregrino que ainda canta
para se desviar das cinzas.
Dá-me, Senhor, a hora das rendas,
para que eu Te abrace
na lua cheia,
quando os lírios são candeias
sobre esse deserto de pão e cristais
na grande nave que se recusa a esvanecer.