Em devaneios, fui encontrar-lhe
havia um amor urgente,
emergente
sangrando no horizonte
do entardecer
Mas as lágrimas
molhavam todo aquele vermelho intenso
que se roseava pouco a pouco
e tingia uma
primavera inesperada.
E os espinhos banhados de roseado
disfarçavam-se...
pareciam pequenas lanças
discretas e ferinas.
A dar um bordejado poético
a capacidade de ferir.
Em devaneios e,em goles redondos
de álcool estratégico
fiz de sua boca um trampolim...
e da palavra um acrobata...
tardio que mergulhava
mortalmente na finitude
óbvia dos dias.
O paraíso era perceber seus olhos...
Perceber sua presença
animada por hormônios ou
por neurônios esfusiantes
a brindar a luz do dia
com visão e inquietude.
Mas, só em devaneios
entrego-me aos laivos irracionais...
na caverna freudiana
de poemas eventuais...
Aventuras e afetos
são lâminas afiadas
a ceifar nossos sonhos.
E a incendiar nossas certezas
de origami.
Monossílabos podem habitar
sinceros silêncios...
Acenos podem movimentar inércias.
E toda placidez pode parecer
tão expressiva como o grito de mil batalhas.
Resolução urtiga:
a coçar-se por dentro.
E, a lhe perguntar...
o que tens a perder?