A VIAGEM

Nem bem chegara os botões de outono,

Com seus quintais viçosos.

Plácida, a paisagem já começa esmaecer.

Dos olhos, a nitidez fugira o brilho,

Como da folhagem o verde.

O outrora vasto campo

Vai tornando-se finito.

Faz-se branda a trepidação do trecho.

Pausam-se os solavancos.

É termo de percurso...

Não é tarde o desfecho

Pra quem cedo se lançou na seara.

E de forte sobranceiro

Enveredou-se no certame

De lidas constantes.

Agora, definha a retumbante batalha

Sem trégua...

Sem vencido ou vencedor.

O romper da nova aurora

Traz reflexos da insônia primaveril,

Com seus efeitos tardios.

São marcas passivas do oficio.

Fruto dos arroubos

Que lhe moldaram os verdes anos.

As mãos vagueiam

Em busca da tímida face,

Já não mais vertente.

Semblante exausto contempla o alvorecer,

Ante a fluidez da brisa mansa

Que lá fora grassa.

Ouve-se a canção serena

Do percurso findo da viagem.

Que jamais deixará de vir,

Embora, às vezes atrase.

Na maciez das horas lentas,

Num descompasso de passadas,

Segue o furtivo espectro,

Que conduz a solene missão,

Ao pouso solitário e derradeiro.

josafá bonfim
Enviado por josafá bonfim em 25/03/2015
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