A VIAGEM
Nem bem chegara os botões de outono,
Com seus quintais viçosos.
Plácida, a paisagem já começa esmaecer.
Dos olhos, a nitidez fugira o brilho,
Como da folhagem o verde.
O outrora vasto campo
Vai tornando-se finito.
Faz-se branda a trepidação do trecho.
Pausam-se os solavancos.
É termo de percurso...
Não é tarde o desfecho
Pra quem cedo se lançou na seara.
E de forte sobranceiro
Enveredou-se no certame
De lidas constantes.
Agora, definha a retumbante batalha
Sem trégua...
Sem vencido ou vencedor.
O romper da nova aurora
Traz reflexos da insônia primaveril,
Com seus efeitos tardios.
São marcas passivas do oficio.
Fruto dos arroubos
Que lhe moldaram os verdes anos.
As mãos vagueiam
Em busca da tímida face,
Já não mais vertente.
Semblante exausto contempla o alvorecer,
Ante a fluidez da brisa mansa
Que lá fora grassa.
Ouve-se a canção serena
Do percurso findo da viagem.
Que jamais deixará de vir,
Embora, às vezes atrase.
Na maciez das horas lentas,
Num descompasso de passadas,
Segue o furtivo espectro,
Que conduz a solene missão,
Ao pouso solitário e derradeiro.