artwork by Lreinhardt
Diga-me se de ìtaca
ainda guardas memórias
se da garganta do corvo ainda guardas os refolhos
se do pasto seco de enfermas funduras
ainda guardas o sebo
diga-me se das águas o prumo
se o velo ainda desfia o nevoeeiro
diga-me mas se fores dizer
o que de memória houvesse ainda
cuspirias Apolos e Dionísios
de virgens ninfas sem fontes
nenhum grito é suficiente ao resvalo
nenhum manjar entre cacos é aurora
diga-me Ítaca das máscaras que escovas
das línguas de areia que te lambem as falas
os falos
do inescrupuloso que assenta
ao tormento dos arremedos da velha ilha
diga-me dos símbolos que ardem bandeiras
da foice que te corta a saliva
da fornalha da tocaia de teus gozos
diga-me Ítaca sobre o luzeiro
apagado de tuas vértebras
sobre o teu fóssil derramado
Tu que cospes os próprios rastros e os incendeias
para sobreviver
te dê o pão o levedo da sola de novos pés
de voltar ao teu plasma
de tuas águas que de sangue
te matam te reverberem de novo
Morre Ìtaca
sob teu réquien sob o peso
é teu sudário enfermo
sorvo de voos de ampulheta
bebe dessa misericordia que simulas
que tem línguas de bestas mulas
e ao mundo só é vaidade e gozo
leva-a ao lombo
no tombo da torre
de escaninhos perfurados
há balas de papel a lamber-te
de hora em hora elas te excitam os pruridos
abre respiro sob a grota que enegrece mais
este continente velho afundado...
Diga-me se de ìtaca
ainda guardas memórias
se da garganta do corvo ainda guardas os refolhos
se do pasto seco de enfermas funduras
ainda guardas o sebo
diga-me se das águas o prumo
se o velo ainda desfia o nevoeeiro
diga-me mas se fores dizer
o que de memória houvesse ainda
cuspirias Apolos e Dionísios
de virgens ninfas sem fontes
nenhum grito é suficiente ao resvalo
nenhum manjar entre cacos é aurora
diga-me Ítaca das máscaras que escovas
das línguas de areia que te lambem as falas
os falos
do inescrupuloso que assenta
ao tormento dos arremedos da velha ilha
diga-me dos símbolos que ardem bandeiras
da foice que te corta a saliva
da fornalha da tocaia de teus gozos
diga-me Ítaca sobre o luzeiro
apagado de tuas vértebras
sobre o teu fóssil derramado
Tu que cospes os próprios rastros e os incendeias
para sobreviver
te dê o pão o levedo da sola de novos pés
de voltar ao teu plasma
de tuas águas que de sangue
te matam te reverberem de novo
Morre Ìtaca
sob teu réquien sob o peso
é teu sudário enfermo
sorvo de voos de ampulheta
bebe dessa misericordia que simulas
que tem línguas de bestas mulas
e ao mundo só é vaidade e gozo
leva-a ao lombo
no tombo da torre
de escaninhos perfurados
há balas de papel a lamber-te
de hora em hora elas te excitam os pruridos
abre respiro sob a grota que enegrece mais
este continente velho afundado...