Relógio

Um olhar quebrado e distante

Dentro de si e de outros,

Há, hoje, o que não havia antes.

Um poema dentro de outro.

O instante gravado em retrato.

É o retrato deixado sobre a velha estante.

Permeado por um momento selado

De um gesto (quase) insignificante…

As traças devoram o livro,

Não lido por uma breve distração.

Muito, embora, fartas ficaram…

Das páginas escritas em vão.

Observa a marcha das horas,

E os ponteiros correndo em círculos

Como se, dali, pudessem escapar.

Estão presos no tempo e espaço,

Para sempre no mesmo lugar.