parábola
não é expulsão definitiva
ou ato de ingratidão
ou manhas de manhãs
bolorentas de brisa
ou inapetência de tardes
de cata-ventos em romaria...
tem dias que
os olhos trincam de tanto ver
e hibernam para mundos sem paredes
e por conseguinte sem suportes
para fotografias
que os atraiam de volta.
afunilam-se para um esconderijo
desabitado de insônia
onde o tempo repousa em negrito
sempre de frente pro poente.
reside por lá um vento de cauda
curta que acomoda amordaçando
todas as jangadas que encalharam
na quimera das pálpebras,
numa praia de hirtas palmeiras
onde velas não se estufam
pra entoar um canto saudoso de mar.