Cercadura

Cercadura

No peito inflamado grita a estupidez

pela carência de voos.

Eis que o relógio não se altera

e o tempo se mostra longo,

mas sem chances de alcançá-lo...

Nos bolsos, rangem voláteis vinténs de vida,

que, sem sucesso, opõem-se aos audazes ventos

para, já exaustos,

aportarem-se na turva atmosfera.

A ventura é hipnótica e, destarte, surreal;

a morte não é hipotética

e quem não possui asas

padecerá sem ter sonhos...

O próximo sol é incerto

e a ruína, de atalaia,

exercerá o oportunismo...

Pra quem ficarão os sorrisos

que dançam no espelho d'água

e as raízes de amargores

que se instalaram em teu cerne?

É certa a vinda do fatal dia da promessa

em que tomarás tua nave

e partirás sem bagagem

pra te encontrar noutro limbo.

Beto Acioli

17/02/2015