Nas mãos tenho...



Em mãos tenho a semente, a serpente, a casca cuspida pelo Ogro
Todo um apanhado de celebridades ôcas na palma imersa ao céu!

Nas mãos de sempre, a certeza inglória, num desgaste de enfermo
O doente desprovido de amor, insanas farsas, cego no cenário anil

Em tempo tenho nas mãos sem nome, o sobrenome desconhecido
A minha conta é a do cálculo manual, neste que é matemática nula

Em mão o apoio no semblante que cerra os olhos na carícia morta
Aquela face pétrea, ajustada À soma de tudo restar após divisões

Nas mãos, pluralidade de mundo tatuados, emergentes horizontes
Envergo paramentos, as vestes do mago relutante, num penhasco

A minha magia, em mãos abertas, solenes pilares da criação tosca!
Semeio com elas a órbita que se esvazia de uma Lua nestes trapos

Na Terra, a terrena orgulhosa, o brilho dos olhares é o dos velhos!
Ouça-me, filho e mestre, que esta mãos te abençoe com destemor

Aquele horizonte é de mananciais que se aproximam como tapetes
A cobrirem os mestres e seus padrinhos com a mágica dos ventos

E muito ao longe, outros espelhos refletem a vontade de mil seres
Estou aqui e ali, em multidões, na legião de anjos que se perderam

Afinal eu sou o fim a que me destino, o morto a sentir as mãos vis
No fim seremos, eu e tu, os observadores sem mãos, e desiludidos
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 16/02/2015
Reeditado em 16/02/2015
Código do texto: T5139281
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