Folia.
Caia.
A lei da gravidade não existe em vão.
Vá ao chão.
Plante alguma alegria.

Pinte o rosto e o corpo.
Utilize mimetismos públicos
para disfarçar tristezas privadas.
Tristezas honestas.

Acenda mil LEDs em torno da boca.
Pois lá moram os fonemas das palavras.
O poder concreto de coisas abstratas.

Caia na folia.
Caia no abismo ilógico do dia.
Tropece no tapete público das conveniências.

Erre os pronomes tratativos.
E também os vocativos.
Abuse de adjetivos.
Solape os substantivos.

Afinal, para que serve a essência?

Senão para nos derrubar em sepulcros.
Senão para nos trair no tempo.
Senão para nos dar lucidez de arder os olhos.

Caia fora dessa fantasia cotidiana.
Finja ser o que você simplesmente você é...

Aborreça-se ...
Por ser pouco..
Por ser tanto...
Por ser tão desconhecido como o caminho 
que trilha todos os dias.
E todas as páginas que nunca leu.

As redescobertas são mais fascinantes
que as glórias de  guerreiro cansado.

Caia... arremesse suas crenças pela janela.
Jogue os preconceitos fora.
Liberte das convenções e cerimônias.
Rituais são procedimentos de símios.

Que se repetem, repetem até perderem a razão.
Ou perderem a exaustão.

Dance para ter chuva.
Dance para ter alguma necessidade do outro.
No camarim das esperanças,
beba o líquido da paixão
e, se apaixone quimicamente por
um completo desconhecido.
Um aleatório alheio e alienado.

E, quando a folia acabar.
E quando só houver cinzas.
E quando a phenix estiver extinta.

Apenas se lembre:
que você é apenas um reles animal
pouco racional num planeta vasto onde
a água está acabando...
e a vida também...

Caia na folia real.
Viva enquanto pode.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/02/2015
Reeditado em 16/02/2015
Código do texto: T5138954
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