pernoite
sei o que as paredes sentem quando
sou sombra se arrastando por elas;
sentem meu corpo frenético
de quem não se acoberta
e o relento sova pra castigar.
sei o que elas pensam;
que sou fumarento movimento
solto de lábios sumarentos
de um ser vagante
de olhar perdido
de quem nunca se soube
ficar sem seguir
atrás dos sonhos que brincam
batendo de porta em porta
desassossegando noites
e dias
e escapulindo sempre
sem nunca esperar
respostas.