AS AREIAS DO TEMPO

AS AREIAS DO TEMPO

Jorge Linhaça

Areias do tempo escoantes,

grãos de vidas trespassadas,

partículas quase vitrificadas,

ora nada mais é como d'antes.

Ampulheta a marcar o passo,

quem me dera fosses invertida,

quando chegasse ao fim a vida

aumentando o meu espaço.

Ah, senhor tempo, inexorável,

que me foges dentre os dedos,

substância assim tão volátil

Que me fazes sentir o medo,

e ficar assim tão instável,

qual é afinal o teu segredo?