Evasão

De minha boca gélida e aflita

saem palavras latejantes e confusas

por meu corpo adormecido e lancinante

escorrem lamentos de saudades

fluem de mim palavras similares

ao canto de um pássaro triste

numa noite de névoa agonizante

onde apenas o desprezo comigo coexiste!

Canto embaraçado, desconexo, conflitante

palavras, sons confusos, gemidos, tanto faz

o que importa é expressar esse momento fugaz

agora acinzentado, outrora verdejante

demonstra a agonia de um ser tão incapaz!

Escorrem-me palavras doloridas, sobrepostas

de loucura ou desespero, o que importa?

Enchem cálices de puros sentimentos

corroídos e esquecidos pelo tempo

palavras, algumas inaudíveis

outras tantas intransponíveis

perdidas uma a uma, caídas de minha boca

tão desprezadas e abandonadas

que eu, poeta triste, reajo feito louca

soltando-as ao vento, deixando que se vão

e busquem um alento em qualquer vago coração...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 03/06/2007
Código do texto: T512297