TRAVESSIA
Atravesso os séculos
Porque minha alma é imortal
Sou a inexplicável junção de átomos e células
Interligadas sob o comando
De um general enlouquecido
Que é a minha mente
Meu sangue vermelho com o ventre do sol
Alimenta-se de oxigênio puro extraído das matas
A minha energia vem da natureza, da força dos ventos
E do formidável sentimento de amor,
Esta vela que me atiça para a frente
Assim sou este formidável exército
De pulsações elétricas, de vibrações celulares
Que sacodem, que latejam
Nas trepidações mecânicas do cosmo infinito
Assim a vida também pulsa em mim descontrolada
Meus poros expelem as sobras das coisas inúteis do universo
Meu coração, este senhor dos feudos emocionais
Que construí com a lascívia dos desejos
Que deitou comigo em todas as camas
E com todas as mulheres
Sem jamais ter amado ninguém
Que me cobra mais sonhos e mais luas
No entanto, apesar de não saber amar
Eu sou o signatário de todas as paixões
E a elas me acho indelevelmente preso
Sem que nenhuma loucura
Ou nenhuma razão possa me salvar